- Manual das Torcedoras
- Posts
- Minas na Esportiva - Julia Macori
Minas na Esportiva - Julia Macori
Corinthiana e criadora de conteúdo do Meu Timão 🖤⚽️
A versão blog do MDT está disparando, e claro que não poderia faltar mais uma edição do nosso quadro novíssimo, que é quase uma coluna jornalística, mas com aquele toque cool que a gente ama ✨
O Minas na Esportiva é um espaço dedicado ao destaque de mulheres incríveis que fazem parte do mundo esportivo. Seja nos bastidores, nas quadras, nas arquibancadas ou nos microfones, elas mostram que lugar de mulher é onde a gente quiser... inclusive na esportiva, sim!
Então vem com a gente conhecer mais sobre essas divas e entender por que ter minas na esportiva importa (e muito!).

De Frente com MDT — edição Minas na Esportiva
Para dar continuidade à nossa série especial, apresentamos a vocês a terceira convidada: Julia Macori (@jummacori). Jornalista e criadora de conteúdo, Julia é a garota na frente das câmeras representando a página “Meu Timão”, dedicada ao time paulista Corinthians.
Natural de Sorocaba, no interior de São Paulo, Macori se mudou para a capital paulista em 2022 para dar início à sua jornada universitária em jornalismo. Em um bate-papo com o MDT, ela compartilhou detalhes sobre sua trajetória, suas experiências como torcedora e sua vivência como jornalista esportiva. Confira abaixo:
MDT: Oioi Ju! Conta pra gente: Como você começou a se interessar por futebol?
JU: Eu comecei a me interessar por futebol pelo FIFA! Eu jogava muito em 2015 e foi lá que eu comecei a entender um pouco mais de futebol. Mas eu sou de 2004, tá? Foi na minha adolescência que eu comecei a gostar de futebol. E o que me fez apaixonar mesmo por futebol foi a final do Paulistão de 2018, em que o Corinthians ganhou do Palmeiras em pleno Allianz Parque! Foi um negócio assustador, assim, de ver o tamanho do Corinthians! Meu pai e minha irmã sempre foram muito ligados nisso, então, ir pra assistir com eles foi insano! Depois desse dia eu fiquei apaixonada por futebol, e bem no mesmo ano tinha a Copa do Mundo… Então eu assisti todos os jogos da Copa, e, depois daquele dia, eu virei uma maluca por futebol!
MDT: Julia, como que você descobriu que queria seguir na área esportiva? Você sempre soube que queria?
JU: Nunca tive certeza de que eu queria jornalismo porque eu tinha na minha cabeça que eu queria trabalhar com esporte, só não sabia muito bem como! O jornalismo, na verdade, nunca foi a primeira opção. Eu já pensei por muito tempo em fazer outra coisa antes e depois ir pro jornalismo, mais para o fim da minha carreira. Porque é uma merda, né? Você ser mulher e trabalhar no meio do esporte. Então, nunca foi algo que eu priorizava. Até que um dia, na pandemia, quando eu estava pesquisando o que eu ia fazer de faculdade, uma amiga minha falou: “Acabei de ligar a TV aqui, vi uma mina falando de futebol e te vi lá! Você nunca pensou em fazer isso?”. Aí sim eu fui pesquisar… Eu escolhi o futebol antes do jornalismo! Fui pro jornalismo em 2022, logo quando acabei a escola, e agora tô nessa sem me arrepender nenhum pingo! Incrível!
Leia também: Lugar de mulher também é nos esportes
MDT: Ju, você falou um pouquinho desse medo, de ser mulher e trabalhar com esporte, isso foi uma coisa muito grande para você? Até hoje você acha que é difícil ser uma mulher trabalhando com esporte, mesmo a gente tendo um pouco mais de oportunidades?
JU: Nunca foi muito grande mas eu sabia que era uma merda, né? Quando eu comecei a gostar de futebol eu não via mulheres trabalhando! Não as referências, sabe? Eu lembro da Tainá Espinosa - que é uma grande referência pra mim - da Trinity Sports, que cobre a Champions League e ela era a única mulher que eu via na TV! Eu queria ser ela, mas o que eu pensava era sobre qual a chance de dar certo, qual a chance de eu chegar a ter oportunidade… Então, era um medo mais de oportunidade mesmo, não era nem muito de ouvir as coisas porque isso você ouve independentemente de onde você estiver.
JU: Eu trabalho com a internet desde 2022 e desde de que eu comecei a criar conteúdo para as minhas redes eu ouço muita asneira. No começo eu sofria bastante mas eu meio que eu entendi que ou é isso ou você vai parar de trabalhar com futebol! Porque a gente não vai conseguir mudar o mundo assim num piscar de olhos. Acho que é mais uma questão de autoconfiança e também da confiança que as pessoas passam pra você. Diariamente as pessoas também me apoiam muito até no chat, as pessoas gostam muito de mim. Quando eu percebo que uma coisa que eu falo que muda totalmente a situação, eu penso que é só um torcedor sendo clubista querendo achar uma forma de xingar. E a forma que ele acha de xingar uma mulher é sendo machista! O homem não tem tanta preocupação, mas eu tenho aquele certo medo de errar. Porque se a mulher errar o hate que vai ser tacado é um, e o hate que vai ser tacado num homem, se ele errar, é outro.
Acho que é só você tentar focar no que é importante pra você que com certeza nenhum comentário negativo vai ser importante! Tenta focar nisso, tenta focar no seu trampo e vai fundo… porque a gente precisa de todo mundo! A gente precisa de todas as mulheres juntas nesse mundo!
MDT: Aí, homem sendo homem, complicado né Julia! Mas já que você falou que tá trabalhando no meu Timão: como foi que você começou na página?
JU: Minha história no Meu Timão é bem complexa… Eu trabalhava em 2023 na 365 Scores, que é um aplicativo de futebol. O Meu Timão sempre esteve em contato comigo - fizemos alguns freelas enquanto eu estava na 365 - participei de algumas livesem 2023/24 e percebi que eu gostava muito. Eu sempre tive uma dúvida com relação a trabalhar especificamente com Corinthians. No ano passado eu saí do 365 Scores e fui falar com a galera do meu Timão! A gente era muito parceiro e a gente conseguiu arranjar de eu fazer uma live. Tem vários programas e é muito gostosovocê participar de programas diários! Agora eu tô percebendoque é muito gostosinho, mesmo, você tá ali falando só sobre Corinthians!
MDT: Aproveitando o gancho fala um pouquinho mais sobre a relação do Corinthians! O que ele representa na sua vida e como que é a experiência de trabalhar sempre só com o seu time?
JU: Ao mesmo tempo que é muito bom trabalhar só com o meu time, também é muito desgastante. E eu tô percebendo isso agora que o cenário político do Corinthians tá um inferno! Se trabalhar com o Corinthians fosse só estar todo dia ali falando do próximo jogo, de estatística, de bola… a vida era muito linda! Mas esse cenário político é um saco porque divide muito a torcida. Se você fala uma coisa as pessoas entendem alguma coisa errada vira um caos. E é essa parte do caos que está me ensinando muito a me portar, porque você tem que ter muito cuidado com o que você fala! Não é um mar de rosas mas eu gosto muito!
O homem não tem tanta preocupação, mas eu tenho aquele certo medo de errar. Porque se a mulher errar o hate que vai ser tacado é um, e o hate que vai ser tacado num homem, se ele errar, é outro.
JU: A minha relação com o Corinthians cresceu muito pelo meu pai e pela minha irmã, que são muito corinthianos desde sempre. Mas eu nunca fui assim apoiada nesse sentido de “você vai ser corinthiana!”. Foi algo totalmente meu. De sentar no sofá, assistir e tentar entender o negócio! E foi mais ou menos em 2018 mesmo que eu comecei a acompanhar e parar a minha vida pra assistir o jogo do Corinthians! Eu agradeço muito o Corinthians, inclusive, porque a minha relação com o meu pai é outra desde que eu comecei a gostar de futebol! A minha relação com a minha irmã é outra desde que eu gostar de futebol! Então o Corinthians é muito importante na minha vida em muitos cenários!
Leia também: As Corinthianas
MDT: Ju, para terminar, a gente tem a última perguntinha clássica do MDT: Qual o principal conselho que você dá para as meninas que querem entrar no mercado esportivo?
JU: Acho que o conselho é ir pra cima! A gente sabe que é muito difícil você chegar aqui e falar “ignora todos os comentários negativos” porque não é bem assim. Mas é tentar pensar que você está ali por algo maior do que os comentários que estão vindo. Eu acho que hoje a situação está um pouquinho melhor mas ainda assim é muito longe do ideal, muito longe do que a gente gostaria. E eu queria pedir também pra não desistirem de trabalhar com o que vocês querem! De sonhar com trabalhar com esporte por causa do machismo, porque a gente tem que inspirar umas as outras! As mulheres tem que estar cada vez mais no esporte, cada vez mais no futebol, pra que a gente também consiga deixar a nossa marca e fazer o nosso lugar ali. Pra que eles entendam de uma vez por todas que o lugar da mulher é onde ela quiser! Então acho juntas a gente consegue fazer um um mundo futebolístico melhor. Acho que é só você tentar focar no que é importante pra você que com certeza nenhum comentário negativo vai ser importante! Tenta focar nisso, tenta focar no seu trampo e vai fundo… porque a gente precisa de todo mundo! A gente precisa de todas as mulheres juntas nesse mundo!
MDT: Arrasou! Essa sempre é a nossa pergunta favorita!
JU: Obrigada vocês meninas! Tmj ❤️
Leia também: Minas na Esportiva - Vanessa Crippa
Curtiu a entrevista? Então continue acompanhando o Manual das Torcedoras para se manter em dia das discussões e novidades no mundos dos esportes.
Reply