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O Efeito Swift na NFL
Kansas City Chiefs enfrentam os Chargers no Brasil — e o que Taylor Swift tem a ver com isso? Absolutamente tudo!
Kansas City Chiefs no Brasil? É isso mesmo que vocês leram, torcedoras!!! Segundo o post da NFL Brasil, está oficializado que Los Angeles Chargers enfrentará o time de Kansas City na Neo Química Arena, em São Paulo, na primeira semana da temporada 2025 da NFL.
O jogo está agendado para o dia 5 de setembro, marcando a segunda edição da NFL no Brasil e a primeira vez que os Chiefs jogam em solo brasileiro. Mas a pergunta que não quer calar….. será que Taylor Swift volta ao Brasil ao lado do time??
Ok meninas, eu sei que a Taylor não é jogadora do Chiefs. Porém, sua suposta presença com certeza aumentaria ainda mais o interesse pelo evento e fortaleceria essa conexão agora existente entre a cultura pop e o esporte 👀 .
Por que, eu não sei se vocês sabem — mas agora vão ficar sabendo —, o impacto da loirinha na categoria atualmente é GIGANTESCO!!
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O “Efeito Swift” na NFL surgiu quando a popstar compareceu a um jogo dos Chiefs pela primeira vez em setembro de 2023, confirmando os rumores do namoro com Travis Kelce, tight end da equipe. De férias da The Eras Tour durante dezembro e janeiro, ela se tornou uma presença constante nas arquibancadas (ou no camarote), comparecendo a 12 dos 18 jogos dos Chiefs até na noite do Super Bowl, jogo com a maior audiência da NFL.
Segundo um levantamento do Apex Marketing Group, Taylor gerou o equivalente a 1,6 bilhão de reais em valor de marca para o Kansas City Chiefs e a NFL. O valor inclui a visibilidade arrebanhada pela cantora para a liga e para o time em mídia impressa, digital, rádio, TV e, principalmente, redes sociais.

A presença da cantora e as estratégias da NFL para destacar o crescimento global do esporte se cruzam em um momento decisivo — e, vamos combinar, um verdadeiro combo pop e esportivo que virou o sonho da companhia. O aumento da popularidade da liga mostra que o plano de marketing começou a trazer resultados. De acordo com a Morning Consult, a NFL tem crescido especialmente entre a Geração Z e entre mulheres da Geração Y, com uma aceleração notável desde 2020.
Entre os movimentos mais estratégicos estão a manutenção de jogos internacionais em países fora dos Estados Unidos, como em Londres, Madrid, Berlim e, mais recentemente, São Paulo, que recebeu o primeiro jogo oficial da NFL na América Latina em 2024. Além disso, há um forte incentivo ao consumo e produção de conteúdos voltados para as gerações mais novas.
Um dos indícios mais claros desse fenômeno foi o aumento das seguidoras femininas nas redes sociais da liga. Segundo a NFL, quase metade dos novos seguidores no TikTok em 2024 eram mulheres. E nisso, a liga foi esperta é soube capitalizar sabiamente sua popularidade, criando conteúdos para serem consumidos rapidamente pelos jovens, que vão desde mudar a bio do TikTok para "24/09/23. Taylor esteve aqui" até postar clipes de Swift abraçando Kelce após uma vitória.
E entre os conteúdos compartilhados em que Taylor Swift aparece, está um vídeo da conta do TikTok da NFL, que somou 11,9 milhões de visualizações em menos de uma semana, se tornando o conteúdo mais assistido do perfil.
@nfl what a moment for travis and taylor ❤️ #taylorswift #traviskelce #kansascitychiefs #micdup #nfl #nflplayoffs
Tudo isso está relacionado ao retorno do interesse pelas WAGs (sigla para esposas e namoradas de atletas), que hoje incluem influenciadoras, atletas e, agora, a cantora mais popular do mundo nas arquibancadas, um triunfo para a audiência da NFL. Era o meu sonho sabe…

Taylor ao lado de Brittany Mahomes, esposa do QB dos Chiefs, Patrick Mahomes
E os números não mentem: a liga bateu recordes, com a maior audiência feminina desde 2000 e o maior público entre jovens de 18 a 34 anos desde 2019. O final de 2024 trouxe um marco: mulheres representaram 49% da audiência total — um crescimento de 9% em relação ao ano anterior. Foram mais de 58,8 milhões de espectadoras ligadas no Super Bowl. Sim, a gente estava de olho no jogo… e no look personalizado dos Chiefs da Taylor.
A primeira aparição da cantora no jogo do Kansas City fez a audiência saltar para 24,3 milhões de espectadores. Segundo a Revista Variety, aquela partida bombou entre o público feminino, que liderou as faixas de 12 a 17 e de 18 a 49 anos na semana em que foi ao ar. Coincidência? A gente duvida.
Publicidade de milhões
A marca da NFL está usando as mídias sociais para atingir esse público-alvo, fazendo com que o interesse construído com isso também reflita no alcance publicitário da liga. A CBS, canal que transmite a maioria das partidas da NFL, esgotou em novembro seu espaço para anúncios no intervalo do Super Bowl LIX. Segundo fontes do mercado, um vídeo de 30 segundos estaria valendo US$ 7 milhões.
Tradicionalmente, os homens sempre foram o público que mais prestava atenção aos comerciais e consumia os produtos anunciados durante o Super Bowl, mas essa diferença vem diminuindo a cada ano. Com isso, muitas marcas já sacaram essa mudança e decidiram surfar nessa nova era.
Em 2024, a Elf Cosmetics retornou ao Super Bowl, dessa vez com sua primeira compra de anúncio nacional. Já a NYX Professional Makeup (ícone da make acessível e cool) e a Etsy (plataforma de comprinhas online) estrearam nos intervalos do Big Game. A Dove, marca da Unilever, também marcou presença com o seu primeiro comercial no evento em quase duas décadas.
Essas empresas representam uma guinada estratégica, com atrações voltadas para o público feminino em um evento que, por muito tempo, era território dominado por anúncios de cerveja e carros — os produtos voltados para os machos 🙄🙄.
Mas o grande momento — e o mais fofo — ficou por conta da Cetaphil. A marca apostou em um comercial emocionante que capturou perfeitamente o Efeito Swift nos lares americanos. O vídeo mostrou como a presença da Taylor Swift nos jogos da NFL influenciou a criação de um laço especial entre pais e filhas.
Pelas redes sociais, os fãs da cantora exaltaram o vídeo, afirmando que a presença de Taylor nos jogos da NFL gera um impacto significativo. O objetivo do comercial foi, precisamente, ilustrar a aproximação entre pais e filhas, motivada pela frequência da estrela pop nos eventos de futebol americano. Seria Taylor na NFL a cura do Daddy Issues??
Novos públicos
O impacto de Taylor Swift na NFL vai muito além de números de audiência, engajamento nas redes sociais ou estratégias de marketing. Muitas pessoas, que antes viam a NFL como um ambiente distante, masculino e até um pouco hostil, percebe uma mudança influenciada pela cantora, que tornou a liga esteticamente interessante para um novo público — mais jovem e feminino. Afinal, lugar de mulher também é nos esportes.
Segundo o relatório “Como as mulheres (e Taylor Swift) estão mudando o Big Game para melhor”, da Zeta Global, 56% das meninas com oito anos ou mais já se consideram fãs da NFL. Esse dado é um indicativo muito claro de que, além de uma estratégia de marketing, essa mudança representa que a nova era de fãs também é definida por fatores geracionais.
Em uma entrevista publicada, a jornalista e apresentadora do SportsCenter da ESPN, Mariana Spinelli (@marianaspinelli) — que também é fã da Taylor — falou sobre o fenômeno através de vídeos publicados nas redes, nos quais discutia o jogo final da temporada e a presença de Swift nos estádios:
A Taylor é uma máquina de engajamento, de marketing, de mídia e de dinheiro. Então a Taylor Swift atrai, enquanto a pessoa jurídica dela ali presente nos jogos, mais audiência e mais fãs. Nisso, você diversifica seu público e introduz a NFL para outras pessoas de uma forma diferente, que talvez seriam pessoas que nunca fossem fisgadas pelo futebol americano sem ela
Mariana Spinelli

Via @marianaspinelli
Além disso, com o desenrolar dos jogos, Mariana passou a ser chamada com frequência pela emissora para dar sua opinião sobre a cantora. A partir disso, conteúdos que apresentavam Taylor Swift aos fãs da NFL e explicavam quem era Travis Kelce para as fãs da cantora foram sendo criados. Confira um deles abaixo:
KANSAS CITY ~SWIFTIES~
(parte 01)
— Mariana Spinelli (@marianaspinelIi)
2:34 AM • Oct 2, 2023
E esse movimento é exatamente o que vem acontecendo atualmente. Fãs, que antes não sabiam o que era um touchdown, agora estão acompanhando os resultados, decorando nomes de jogadores e criando fan edits dos atletas em campo e da Taylor nas arquibancadas — tudo isso enquanto entendem, aos poucos, as complexas regras do jogo.
Com isso, uma nova comunidade de torcedoras começa a se formar — especialmente entre aquelas que nunca tinham parado para assistir a um jogo inteiro, e hoje se encontram em frente da TV nos domingos de NFL.
Uma delas é a Heloisa Jandl (@helojandl). A influencer e advogada de 29 anos começou a consumir e fazer conteúdo sobre a NFL graças ao impacto da cantora. “Meu interesse na NFL foi 150% influência da Taylor. Eu nunca na vida tinha assistido um jogo da NFL. Ligava a TV no Super Bowl literalmente na hora do show e ainda reclamava do jogo, porque eu não entendia as regras.”
Tudo mudou para as swiftes — incluindo a Helo — quando a cantora apareceu no jogo dos Chiefs pela primeira vez em setembro: “Vi aquele jogo que a Taylor apareceu e fiquei intrigada porque me passou a imagem de ser muito mais legal do que eu achava. Aí comecei a ver um aqui e outro ali, e todos os dos Chiefs. Comecei a amar. Meio de outubro/23 comecei a assistir TODOS os jogos que dava, até entender as regras. Entendi e me apaixonei pela NFL”.
@helojandl FUTEBOL AMERICANO PRA INICIANTES - EP 1: ESTRUTURA BÁSICA DO JOGO/TIME @NFL Brasil #nfl #futebolamericano #nflbrasil #sporttok #esportesti... See more
Ao ser questionada como poderia descrever toda essa experiência de ser fã de esportes ao mesmo tempo que da popstar, Heloisa é certeira: “Incrível. Eu amo como tantas mulheres começaram a acompanhar e se apaixonar pelo esporte, e amo essa conexão de você encontrar com outras swifties que já gostavam do esporte e outras que, assim como eu, começaram a acompanhar agora”.
E não foram poucas as meninas, como a Helo, que se descobriram fãs do esporte por influência da Taylor. Algumas começaram a acompanhar os jogos por pura curiosidade, outras pelo crush nos jogadores — oi, Joe Burrow! — , e muitas acabaram apaixonadas pela emoção e pelo sentimento de comunidade que se criou entre as fãs.
“E óbvio que poder juntar essa nova paixão pelo esporte com a possibilidade de também ver a Taylor nos jogos, é muito legal. Eu fiz várias amizades que se tornaram muito próximas justamente por conta da paixão em comum de Taylor e NFL, e comecei a falar sobre isso”, declarou Jandl.
Mais do que uma fase, esse movimento revela algo muito maior: o fortalecimento da presença feminina na NFL dentro e fora dos estádios, nas conversas, nas redes sociais e até na criação de conteúdo.
“Acredito 1000%. Na minha opinião, é importantíssimo a presença feminina em lugares que foram e ainda são considerados masculinos. Mostra para essa nova geração que elas têm poder e direito de estarem onde quiserem. Sem contar as inúmeras histórias que a gente tem visto de meninas que começaram a se conectar ainda mais com pais/irmãos/parceiros, por conta desse interesse no jogo e até mesmo trouxeram esse interesse para a Taylor, quebrando aquela barreira chata de ‘isso é coisa de menina/menino’, conclui Heloisa.
A jornalista Mariana Spinelli também reforça esse ponto, e acrescenta sobre como a presença de uma figura feminina ajuda no consumo e na prática de esportes. “Ter uma figura feminina com uma base de fãs tão diversa, mas aqui falando mais sobre mulheres de fato, você tem a oportunidade de apresentar o esporte e dá a chance de ela gostar desse mundo. Talvez algo que ela sempre foi excluída de fazer, até mesmo de forma intencional, não querendo que mulheres participem da conversa. Você aborda de forma diferente e a convida para o esporte”, complementa Spinelli.
No fim das contas, a NFL continua sendo sobre jogadas estratégicas, touchdowns e rivalidades em campo, mas agora também envolve moda nas arquibancadas, pulseiras da amizade e playlists com "You Belong With Me" e “So High School” como trilha sonora do seu casal favorito.

O esporte continua sendo gigante, mas está se tornando mais acolhedor, diverso e, principalmente, interessante para quem sempre achou que esse universo do futebol americano não era para mulheres, meninas, fãs de cultura pop e pessoas LGBTQIAP+. E isso é apenas a comprovação do impacto do Efeito Swift sobre o interesse pelo futebol americano.
E aí, girls… quem eu encontro na Neo Química Arena para o jogão entre Chargers e Chiefs? 💅🏈✨
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